sexta-feira, 17 de junho de 2011



Gerenciamento do Tamanho da Posição

Estudo desenvolvido pelo forense Ncrab sobre Gerenciamento do Tamanho da sua Posição:

Todos aqui que já operaram compras e vendas no mercado sabem que uma alta de +X% não recupera uma baixa de -X%.
Isso não deveria ser intuitivo? Pergunte por aí e a prática deve mostrar que não é.
Talvez pensemos que o mundo dos negócios seria mais simples se +10% e -10% tivessem esse “efeito simétrico”.
O mais cinco anula o menos cinco porque estamos no mundo das somas, que é ligeiramente diferente do mundo dos produtos, onde estamos habituados a usar os percentuais ditos alí. E no mundo dos produtos, quem “anula” não é simétrico, é recíproco!
Mas o recíproco não anula, apenas converte para 1, e isso parece ser o que queríamos lá em cima. Recíprocos são mesmo mais estranhos, zero não tem recíproco (isso é um problema e tanto!), entre -1 e 1 residem os recíprocos do resto inteiro dos números reais (resto ? inteiro ? reais ?).
Deveria existir uma espécie de “chave” em nossas mentes que, ligada, nos desse o poder de ver imediatamente coisas do tipo: -25,925% é a taxa que anula +35%.
Voce olharia -37,5% com olhos de quem vê +60%, sem constragimentos, pois se deseja saber quem “reverte” +60% não faz sentido aqui pensar em -60%. Será que estamos mesmo achando que é mais difícil ter uma alta de 60% que uma baixa de -37,5% simplesmente porque 60 é maior que 37,5?
Se você encontrou essa “chave”, a igualdade de força que ela dá a esses números diferentes pode estar querendo dizer algo com respeito a essa última afirmação.
E se achou tudo isso muito complicado, sente-se pouco confortável em usar, por que não trocar os percentuais pelo variação em reais?
Chave
Temos a “chave” que abre a porta onde estão guardados os segredos dos recíprocos, um lugar onde somos capazes de enxergar que há uma certa igualdade entre +60% e -37,5%. Se ainda não a possui, procure aí na busca (por que? – 30/01/05). Vamos usá-la agora para investigar de perto esse aposento, veja o exemplo:
Comprei algo por 0,08 (fichas?) e, logo após, o preço caiu 37,5%. Agora o preço terá que subir 60% para que volte a valer 0,08.
Nada complicado, precisa subir exatamente o que caiu: 0,03.
Seria possível “diminuir a distância” do par (-37,5 ; +60), tornar esses números mais próximos e manter o mesmo efeito “restaurador” ?
É possível recuperar-se de uma queda de 0,03 com uma alta menor que esta? Existe essa “matemágica” ?
Bem, para recuperar-se, quem precisa subir exatamente o que caiu é o seu capital e não o preço. A resposta será positiva se o montante sobre o qual o par incide não for o mesmo, ou seja, se ele puder ser alterado, uma estratégia reconhecida por quem faz preço médio.
Troquemos alí o “g” pelo “t” para investigarmos um modelo que, além de alterar o montante, o faz de maneira areduzir ou aumentar esse valor sempre que você perder ou ganhar, respectivamente. Esta sutil diferença para o PM (preço médio – 1 para 1 – comumente utilizado) contribui para reduzir consideravelmente sua exposição. O modelo é usado para determinar qual deve ser o tamanho de sua posição (position sizing) em cada operação.
Suponha a seguinte trajetória de preços para o ativo que você comprou:
[0] 0,10
[1] 0,08 -20,00%
[2] 0,06 -25,00%
[3] 0,05 -16,67%
[4] 0,07 +40,00%
[5] 0,09 +28,57%
Partimos de 0,10 e chegamos ao mínimo em 0,05, mas só retornamos para 0,09, ou seja, prejuízo de 10% para quem comprou em [0] e não movimentou mais. Como isso se comporta se usarmos GTP (Gerenciamento do Tamanho da Posição) ?
Cada um dos seis pontos acima serão pontos de intervenção para regular o tamanho da posição, o que implica dizer que dividimos nossa única operação inicial em cinco trades:
 compra em [0], venda em [1], com queda de 20%;
 compra em [1], venda em [2], com queda de 25%
e assim por diante.
Iniciamos em [0] comprando o valor A0 = 3.000,00, que corresponde a uma quantidade de 30k do ativo. Em [1] o ativo cai 20% e então finalizamos a primeira operação resgatando apenas 2.400,00 (prejuízo de 600,00). Neste mesmo ponto iniciamos a segunda operação , nova compra, mas com A1 = 2.816,00 (35,2k do ativo).
Alguns pontos importantes a observar:
 sua nova posição é maior que os 2.400,00 da anterior, porém, menor que a posição inicial de 3.000,00. É um resultado do fato da primeira operação ter sido perdedora, como veremos adiante;
 essa intervenção equivale a promover um aumento de 416,00 na posição, ou seja, é um ajuste que terá reflexo no preço médio, porém, o impacto é substancialmente menor se comparado ao uso de PM;
 cada operação é considerada uma nova posição, não é relevante se é uma compra, uma venda, ou ainda uma migração para outro ativo;
A tabela seguinte mostra a evolução do estudo para as demais operações:
OpA = F * Kqtdcompravenda%Rend (R$)
03.00030.0000,100,0820,00600
12.81635.2000,080,0625,00704
22.60443.4000,060,0516,67434
32.47549.5000,050,0740,00990
42.77239.6000,070,0928,57792

A é o valor aplicado em reais;

qtd é a quantidade do ativo que foi comprada;

compra é o preço de compra;

venda é o preço de venda;

% é o percentual obtido na operação;

Rend é o rendimento da operação em reais;

Obs: os valores de A estão arredondados para contemplar lotes inteiros em qtd. A diferença não é relevante para o estudo.
Reduzimos nossa posição (e nossa exposição) a medida que perdemos e vice-versa, porém, a seqüência An não decai na mesma proporção que o faria se não intervíssemos, é uma queda ligeiramente mais lenta, ou seja, injeta-se mais capital no mercado. Ao contrário, PM tenderá a aumentar sua posição e rapidamente.
Com os parâmetros que determinaram o An do exemplo acima, para se perder metade do capital seriam necessárias 11 operações perdedoras seguidas, cada uma com prejuízo de 20%. Você pode imaginar como seria se estivesse usando PM nesse cenário ?
Mas de onde vieram aqueles valores da coluna A, como calcular o tamanho de cada posição (An) ?
Se o seu capital total é K então A é diretamente proporcional a ele. K é o capital total, portanto, lucros e prejuízos de cada operação serão somados ao final de cada operação (há variantes para o cálculo de K).
K0 = capital inicial
K1 = K0 + Rend0 (lucro/prejuízo da operação 0)
K2 = K1 + Rend1 (lucro/prejuízo da operação 1)
Se F é a constante de proporção:
A0 = F * K0
A1 = F * K1
F é constante, é a fração do seu capital que será usada em cada operação. A tabela abaixo, agora completa, é resultado da aplicação do GTP que foi utilizado no nosso estudo, com os seguintes parâmetros:
K0 = 10.000,00
F = 30%
OpK (R$)A = F * KqtdK+Rendcompravenda%Rend
010.0003.00030.0009.4000,100,0820,0600
19.4002.81635.2008.6960,080,0625,0704
28.6962.60443.4008.2620,060,0516,6434
38.2622.47549.5009.2520,050,0740,0990
49.2522.77239.60010.0440,070,0928,5792
K é o capital total disponível, em reais, antes da operação ser iniciada;
K+Rend é o capital total disponível, em reais, após a operação ser fechada;
Os demais itens seguem a legenda da tabela anterior.
A mesma observação aplica-se aqui.

Considerações Finais
GTP protege seu capital em um cenário de quedas sucessivas.
GTP permitiu que uma queda de 0,05 unidades fosse recuperada (um pouco mais até) com uma alta de 0,04 unidades, com pequeno aumento de sua exposição. Outro valor para F pode melhorar essa relação ?

Matemática x Matemágica

Para o modelo, utilizar F de 100% significa investir todo o capital disponível em cada operação que se monta. É para esse F que os percentuais do par (-37,5 ; +60) são “iguais”, o F é a “chave” que nos faz vê-los assim. Se usar 30% para F a “chave” muda, o par torna-se ( -37,5 ; +48,39), ele tem o poder de “aproximar” os percentuais que se “anulam”. Pense nas implicações disso.
O par ficará cada vez mais “proximo” a medida que diminuírmos F, com a “igualdade” ocorrendo para F nulo, que seria a “última chave”. Não há como transformar expectancy negativa em positiva

Nenhum comentário:

Postar um comentário